Por Sandra Maura, CEO da TOPMIND
ESG nos primeiros passos na agricultura rudimentar até os sistemas de Inteligência Artificial do presente, a Tecnologia sempre foi uma aliada para tornar a vida humana mais fácil e prática. Hoje em dia, no entanto, ganhos de produtividade ou a capacidade de facilitar nossa rotina já não são mais os únicos pontos a serem perseguidos. Cada vez mais, a inovação tecnológica também precisa atender outro importante ponto para nossa sobrevivência na Terra: a sustentabilidade.
Aqui, aliás, é preciso deixar claro que o ‘ser sustentável’ não se limita às ações de preservação do meio ambiente- ou da chamada Green IT. Embora realmente sejam muitas as tecnologias criadas com o objetivo de tornar nossa rotina mais limpa, é fundamental destacar que as ferramentas e soluções tecnológicas também podem ser importantes bases para construirmos ambientes mais sustentáveis sob outros ângulos, como o econômico e o social.
Exemplos não faltam e vão desde projetos que incluem o uso de Inteligência Artificial para tornar a produção agrícola e a administração pública mais inteligentes até a utilização de complexas engenharias de Big Data e Analytics dentro de organizações globais, em iniciativas que buscam encontrar maneiras de otimizar o atendimento a clientes em uma estratégia verdadeiramente omnichannel.
Não por acaso, a Tecnologia é um tema cada vez mais ligado à agenda ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance), sendo muitas vezes o facilitador no desenvolvimento de ações que ajudem a proteger o meio ambiente, melhorar a governança das operações e/ou aprimorar o cuidado com o social também no contexto corporativo. Dados de uma recente pesquisa promovida pela Oracle e a Universidade de Harvard, inclusive, comprovam essa importância: quase 90%dos clientes e líderes empresariais ouvidos pelo estudo acreditam que as companhias que usam a tecnologia para ajudar a impulsionar práticas de negócios sustentáveis serão as que terão sucesso a longo prazo.
Estamos vivendo um momento de transformação acelerada, em que a digitalização tem sido extremamente importante para a sustentação de muitas das entregas e serviços que empresas e consumidores precisam diuturnamente.Por meio de conceitos como Nuvem, Inteligência Artificial, Machine Learning e Automação Robótica de Processos (RPA – do inglês Robotic Process Automation), por exemplo, companhias de todo o planeta já conseguem reduzir as tarefas manuais, diminuir o consumo de recursos naturais e maximizar o ritmo de desenvolvimento de novas entregas dentro de organizações cada vez mais descentralizadas e espalhadas pelo globo.
A utilização de tecnologias inteligentes pode, nesse sentido, permitir o melhor uso de recursos internos, ressignificando a utilização de escritórios, estrutura, insumos e estoque, diminuindo desperdícios de tempo e dinheiro. Todas essas possibilidades, no caso, significam garantir mais inteligência às companhias, além de melhores resultados e mais fôlego às equipes, liberando talentos para as atividades em que eles realmente poderão fazer a diferença.
Outra vantagem é a chance de potencializar a estrutura de atendimento aos clientes, com ambientes cada vez mais ágeis e personalizáveis – em estruturas com bots, RPA e Big Data, entre outras ferramentas. De forma prática, essas soluções significam a chance de acelerar o cruzamento de séries históricas e variáveis de todos os tipos para construir panoramas detalhados, projeções mais criveis e, por que não, entender melhor os desejos dos consumidores. Vale salientar que dados da consultoria McKinsey indicam, por exemplo, que um quarto dos consumidores trocam de marcas ao ter uma experiência ruim com o suporte. Com a aplicação da Tecnologia, portanto, temos uma oportunidade de construir narrativas interligadas entre todos os canais de customer care.
Para que esse potencial seja atingido, porém, é necessário que as lideranças dos setores público e privado busquem entender suas necessidades, agregando parceiros que, de fato, ajudem a maximizar a utilização da inovação dentro de suas ações. A aplicação de novas tecnologias não é uma receita pré-pronta e uniforme em todas as empresas – cada segmento e indústria tem encontrado formas de usar esses recursos de maneira própria, e é esse trabalho que as equipes e os especialistas em inovação devem trilhar.
A tecnologia é a chave para a sustentabilidade e continuidade dos negócios do futuro, mas o segredo dessa fechadura é diferente para cada companhia e equipe. Resta saber quem é capaz de entender agora que nosso desejo por respostas começa sempre pela definição das perguntas certas. E que isso não precisa ser feito sozinho. Afinal de contas, somar forças para encontrar a solução das questões é o que fará com que nosso trabalho seja mais fácil, eficiente e, sim, mais sustentável.