Por Sandra Maura, CEO da TOPMIND
Impulsionado e acelerado pela pandemia, o trabalho híbrido se expandiu nos últimos anos como uma nova realidade para a rotina das empresas. Hoje, por exemplo, estima-se que mais da metade das organizações já adotaram o modelo remoto ou semipresencial como parte do dia a dia de seus processos. Os ganhos apontados são mobilidade, flexibilidade, economia de tempo e recursos, inclusive levando à reinvenção dos escritórios como ambientes mais inteligentes e moldados às necessidades dos trabalhadores. Além das vantagens operacionais, no entanto, há também outras áreas impactadas por esse mundo híbrido. Entre elas, por exemplo, está a sustentabilidade.
A combinação entre menos gente sendo obrigada a se locomover pelas cidades e o uso inteligente dos espaços, incluindo soluções tecnológicas mais modernas e eficientes, é um importante caminho para reduzir a pegada ambiental e diminuir gastos de todos os tipos dentro das organizações. Quando falamos de sustentabilidade, portanto, não é apenas em relação à preservação do meio ambiente. Paralelo a esse enorme ponto de preocupação ambiental, as companhias têm no modelo híbrido uma oportunidade de equacionar seus investimentos e gastos de maneira mais sustentável e organizada.
Vale destacar que essa abordagem mais flexível conversa de maneira direta com a crescente preocupação das empresas em torno das pautas da agenda de ESG (sigla de Environmental, Social and Governance, em inglês – ou Ambiental, Social e Governança, em português) e de RSC (Responsabilidade Social Corporativa). Isso porque a adoção de um modelo mais aberto e móvel, hoje, pode tornar as organizações mais sustentáveis sob todos os pontos: ambientalmente, reduzindo as emissões por meio da diminuição das viagens de negócios e menos deslocamentos para a empresa; socialmente, ao permitir que os talentos possam ser descobertos e capacitados de todos os cantos do planeta; e em governança, ao simplificar a gestão de dados e processos. Esses são pontos valiosos e que não podem ser desconsiderados.
Para tornar esse modelo móvel uma realidade bem-sucedida, no entanto, as empresas estão sendo desafiadas a encontrar caminhos para habilitar a flexibilidade em escala em suas operações. Nesse cenário, sem dúvida, a tecnologia tem um papel central, tanto para se encontrar formas de se utilizar os escritórios e espaços de forma responsável e inteligente como para agilizar e garantir a alta disponibilidade de recursos e informações aos colaboradores – o que permitirá, em última instância, a máxima performance no dia a dia. A área de TI, mais do que nunca, é a facilitadora da inovação e da sustentação dos negócios.
Temos de enfatizar, também, que a construção de infraestruturas digitais mais modernas, que possibilitem o trabalho remoto mais efetivo e a utilização inteligente dos escritórios, é uma necessidade básica para as companhias que querem atrair os melhores profissionais nestes novos tempos. Segundo dados do IDC, por exemplo, 54% dos trabalhadores que já atuam remotamente somente aceitariam uma nova oportunidade se a empresa oferecesse atuação flexível.
Tornar uma empresa sustentável é, sobretudo, pensar na continuidade dos negócios e atrair o melhor para o futuro. Sendo assim, entender como conectar pessoas de diferentes lugares de forma verdadeiramente eficiente é imprescindível. Assim como é essencial oferecer espaços inteligentes, bem equipados e que agreguem valor à experiência do profissional na empresa (unindo preferencialmente a experiência do trabalho de casa com o que existe no escritório). Estes dois lados do trabalho necessitam ser constantemente otimizados – e a adoção de novas tecnologias é parte dessa construção diária.
A sustentabilidade trazida pela era do Home Office vai além do impacto ambiental positivo de se diminuir a pegada de carbono gerada pelo transporte diário das pessoas. As instituições também devem considerar se estão conduzindo negócios de forma saudável e proporcionando suporte aos seus funcionários. A rotina da operação conta com as ferramentas para conectar e aproximar os times? A experiência nos escritórios é prática, simples e agradável? Essas são questões que os líderes não podem mais postergar.
Independentemente das suas especificidades, para ser bem-sucedido e sustentável, o trabalho híbrido precisa conseguir apoiar não apenas a produtividade, mas também a cooperação, o engajamento e a integração. Neste contexto, encontramos desafios que as organizações enfrentam e isso inclui garantir a segurança de dispositivos, conexões e cooperações; desenvolver uma cultura corporativa e garantir que os profissionais remotos se sintam conectados e parte dos times presenciais.
O trabalho híbrido é o futuro, oferecendo às empresas uma maneira de cortar gastos e, aos os profissionais, a chance de equilibrar sua carreira e vida pessoal, assim como a chance de reduzir a pegada de carbono do negócio no processo.
Mesmo que a transição para esse modelo tenha sido incentivada pela necessidade, como resultado da pandemia e das demandas dos colaboradores, não há razão para que essa maneira de olhar os negócios seja revista. Ao contrário. Consolidar os serviços de conexão e repensar o escritório para o futuro, é o caminho a ser seguido. Rumo ao mundo global, é hora de as empresas também acelerarem suas transformações digitais. Somente assim elas poderão maximizar a sustentabilidade, a inovação e os resultados de seus negócios.